sábado, 30 de julho de 2011

Foi o amor

que me fez acreditar que podia acreditar em tudo. Que podia sentir saudade sem medo de você não sentir, que podia te abraçar sem medo de que pra você tanto fizesse meu abraço, que podia levar a sério sem medo de que você de repente não estivesse levando.
Foi a confiança que me fez te deixar ir sem mim. Que me fez não questionar seu jeito de ser, que me fez pensar que eu era boba quando imaginava coisas, que me fez permitir que você me dominasse.
Foi o susto que percorreu meu sangue. Que entrou pelos meus ouvidos, passou pelos meus neurônios, se refletiu nas minhas veias e artérias e atingiu meu coração, que parou de agir como um rio sereno e passou a fazer contagem regressiva, como uma bomba.
Foi a confirmação que me fez explodir. Que explodiu toda a minha paz. Que fez meu amor de repente parecer ilusão, minha confiança parecer tola ingenuidade.
"Sou uma idiota. A maior idiota do mundo", foi a primeira coisa que eu pensei.
E agora? Vou pensar o que?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Por favor

Chorei pela tamanha felicidade que me trouxe,
[mas que não se encaixou no meu estado de tristeza],
presa e encadeada.
Qualquer postura e qualquer expressão
parece feliz de mais para o modo como me sinto hoje.
Você chegou,
e seu corpo brilha, amor
seu corpo emana alegria.
E eu preciso sorrir
pra então chorar.


Por favor,
me traga paz, mas não me deixe.
Por favor,
me liberte, mas me espere voltar.
Eu voltarei, amor
erros que se foram, foram
me deixa ser um acerto.
Por favor,
antes achei que palavras mudas
[curassem a distância que alongou o nosso espaço]
mas eu falei
e você me mandou calar.


Se a troco do silêncio há um abraço
eu aceito.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Apenas um estado

As pessoas se tornam extremamente poetas quando estão profundamente deprimidas.
Eu,
por já ter estado tão profundamente triste,
já fui poeta
e agora que me encontro feliz neste mundo estúpido
já não sei o que sou,
pois tristeza não passa disso
apenas um estado.

domingo, 10 de julho de 2011

Quanto tempo?

Mas no fim tudo o que você quer é felicidade, não é? O que mais nós, humanos, iríamos querer além disso? Nós nem ao menos sabemos dizer o que é, mas a queremos acima de tudo.
Felicidade é graça eterna. Não é essa graça passageira, não é um sorriso pra não chorar, não é um sorriso de cumprimento, não é estar bêbado, não é nada disso. Felicidade é o que você não vê, e muito provavelmente não percebe. E está tão intimamente ligada aquilo que chamamos de amor. Amor por viver, por sonhar, por alguém. De repente na beira do rio, se fizemos promessas, se eu disse coisas e meu rosto ficou tão quente que eu achei que o sol ainda estava por ali, eu não sabia, meu coração batia tão forte e minhas mãos estavam frias, eu estava provando um pouco da felicidade. Se eu pudesse prolongar aquele momento por todo sempre, eu seria feliz.
Mas somos humanos. Nós erramos. Errar leva a tantos atos desesperados de desculpas ou de mórbido peso. Quanto tempo? Quanto castigo? Se não há quem puna, nós nos punimos internamente, quando não ambos simultaneamente.
E de que adianta então tanta braveza, esse arrebatamento todo, esses socos impensados na parede? De que adianta mais mentiras se tudo só se resolve inter-pessoalmente? Senão se arrastará por toda eternidade essa angústia, esse medo, essa desconfiança e essa prisão.
Essa prisão que me tira tanta coisa, e me tira o mais importante, e me faz tão infeliz. É parte da punição me fazer infeliz? Se por um instante achei que eu apenas devia entender meu erro, talvez eu não o entenda completamente se não houver uma pontada de infelicidade pra gravar de uma vez por todas na minha mente que EU ERREI. Sim, eu errei. Mas quanto minha consciência absorveu isso? Quanto eu saberei que não estou indo pelo mesmo caminho errôneo outra vez? Não sei. Sou humana, e minha espécie erra e erra e erra e erra e sempre pensa que sabe que sabe.
Quantas vezes eu achei que era de outro planeta? Olha só esses erros e esses sentimentos à flor da pele tão extremamente terrestres. Corpo telúrico. Mente lunática.
Quanto tempo pra entender? Quanto tempo vai levar pra eu poder experimentar meus venenos e voar de novo?