quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Verdes mares

Meus amigos vão se apaixonando e se iludindo, e chorando amores normais que vão e vem, e eu aqui sempre esperando o momento em que nossos caminhos vão se encontrar, sonhando a noite, sonhando de dia sim [e de dia não]. O que sei é da frustração que será se eu nunca puder ter você. Como se um coração dividido se importasse muito com um amor igualmente pela metade - ou talvez nem isso -, porém que nunca morre, e que nunca se corresponde. Sei que se um dia eu navegar em verdes mares, aí sim serei feliz, e feliz na certeza de que apontei a proa na direção certa o tempo todo, e a sentimental e romântica expectativa não foi vã, e a cruel solidão, afinal, se justificou.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Se o mar ainda dá pé

Quando chega o verão, menina? Quando chega outra estação? De luz, de Sol, de outro lugar, um bem maior por que lutar. Quando é que vem aquele vento bom, aqueles barcos brancos no mar nu onde eu possa me deitar? Quando é que eu posso ter a fé de que a maré vai virar, menina? E a calmaria, a ventania de libélulas, o fim de tarde iluminado, aquela vida de esperar coisas boas de todo lugar, de toda novidade se fazia festa e era bom acreditar em paz, em alegria, era bom acreditar que um novo dia ia chegar. E aquelas noites que eu não soube aproveitar, de grilos ninando o nosso sono, de frio de mato, de estrelas cadentes cortando uma imensidão de céu, que céu, menina! E a gente aqui sem saber sorrir, sem saber por que de nada. Por que em tamanha constelação só algumas estrelas caem? Por que observar o universo de astros coloridos em constante mutação se eu encontro o seu olhar e não sei ler seu coração? De onde vem tanta tristeza, menina? De onde vem a melancolia que pousa em seus olhos? E esses suspiros imensos, e essa falta aí no peito? Será que não tem jeito mais, de consertar a ilusão, de voltar à mão a vida mansa, de mudar a estação? Quando chega o verão, menina? Parece que nada é como se imagina, e como se quer, 'cê acredita em destino? Não sei dizer se esse mar ainda dá pé, mas é pra apontar pra fé e remar.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A melhor coisa do mundo

Tudo é mais fácil na infância.
Criança não precisa dar o melhor de si, não precisa lutar por amor, não precisa se matar de estudar. Criança se cai, não precisa levantar, pode chorar à vontade. E chora porque ralou o joelho, porque errou o chute e sangrou o dedão. É pecado criança chorar de dor no coração.
Criança não precisa ter medo de errar, porque ainda está aprendendo. Criança não liga pra status social, nem precisa ligar. Não precisa fazer nada pra agradar os pais além de existir. Criança faz coisas boas sem motivo, sem esperar troca ou reconhecimento. Pode dormir à tarde que ninguém vai reclamar de vadiagem.
Criança só quer brinquedo no Natal, no aniversário (e você não deve julgar). Materialismo? Grande coisa, pecado é sofrer por amor.
Criança ama sem saber.
Pode ter medo sem ser covarde. Pode se enganar sem ser boba. Criança não vê, não enxerga, só sente. Tudo é novo e grande.
Criança pode ver desenho que ninguém fala que deveria estar estudando. Pode ter letra feia e escrever errado. Pode não saber contar. Criança pode ter vergonha, e sentir saudade sem orgulho. Criança nem sabe o que é orgulho. Criança mal sabe o que é saudade porque não tem tanto passado assim. Não tem preocupação de ser bonita, ou de ser lembrada. Não tem preocupação de nada. Não precisa saber de política, de progresso, não precisa saber dessas coisas chatas do mundo.
E se não souber falar não tem problema, criança não precisa fazer as coisas sozinha.
Criança fui eu, que fui tudo isso, e fui muito bem, e feliz, e tenho pena de quem adiantou a maturidade. E eu queria ser criança pra sempre, e nunca estar sozinha e nunca estar preocupada, e ter a certeza de que tudo bem se eu fizer tudo errado. Queria amar só minha família a vida toda, e estar certa de que Deus existe. 
Grande coisa é crescer, pra mim de nada vale. Infância não tem preço, adoro o fato de ter sido sempre inocente e chorona, e mimada e chata.
Triste é saber que nunca mais terei recreios de brincar de Power Ranger na escola, a melhor coisa do mundo. Eu não trocaria por nada.

sábado, 6 de outubro de 2012

Interrogação

E quando eu for uma interrogação
seja uma exclamação
mas quando eu me lembrar do passado
me faça pensar que o presente é melhor

Seja o melhor [e o pior] 
de cada pedaço que eu já tive
quando eu sentir que está tudo errado
seja o brilho
o brilho
um brilho de um amor

E quando eu surpreender
apenas seja você
e faça essa cara de boba de novo
solte esse suspiro de novo
e de novo
e novo

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Descompasso

Eu costumava amar
loucamente
e estupidamente,
e tragicamente eu me afundava,
e caçava restos,
e cavava abismo próprio e propício 
a me largar triste 
[e mórbida].

Hoje eu meramente,
e friamente,
decidi 
que não amo ninguém.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Universal enquanto tivermos alma

O amor gasta ou a gente que fica mais defensivo a cada queda? O amor acaba como a cerveja no copo? Como o cigarro na boca? O amor tem fim como a vida? Ou o amor é uma coisa e a vida é outra? O amor dói? O amor tem medo assim mesmo? O amor tem hora e lugar? O amor depende de quem ou o que? O amor tem lados? O amor vicia? O amor é a vista ou a gente sabe pela terra em que pisa? O amor se força ou se conquista? O amor é simples? É complicado? O amor tem nome? É alguém a quem se chama? O amor existe? É complacente, infinito? Alguém já viveu pra sempre pra dizer? O amor é só um pouco ou é o excesso? O amor tem que faltar pra ter lugar? O amor completa ou faz querer completar? O amor tem que ser recíproco? O amor pede, mendiga? O amor perdoa? O amor grita ou é silencioso? O amor é tudo?