quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Verdades


E hoje dizem que homossexualidade é doença.
Quantos tempo regredimos?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ser humano

raça ruim
praga racional
prepotente
arrogante
presunçosa
defeituosa.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O que é ser consumidor?

Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumidora.
Você, anônimo, perdido aqui por estas bandas mal iluminadas, aspirante a uma carreira qualquer de sucesso (ou não), é um consumidor.
Somos consumidores desde que nascemos. Somos consumidores desde que o homem é homem, o mundo é mundo, e existiu ar, terra e água.
Consumimos oxigênio, consumimos carne, cereais e vegetais. Consumimos a água que nos banha e que nos sacia. Consumimos nossas vidas. Até a última gota de energia. 
Somos consumidores até o ponto em que buscamos nos manter vivos e resolver aquelas necessidades básicas que estão, obviamente, na base da pirâmide de Maslow: respirar, comer, dormir, fazer sexo (aqui com o objetivo de ter filhos). Enfim, sobreviver.
Mas sobreviver dificilmente significa o mesmo que viver. Viver muito se refere a ser feliz. E nós, humanos, espécie cretina, dependemos da aceitação de nossos semelhantes para sermos felizes.
Sob essa pena, nascemos programados a agir conforme as regras da sociedade. Porque só somos aceitos quando agimos assim. E só somos plenamente felizes quando somos aceitos. É um ciclo vicioso do qual poucos sortudos escapam. Muita gente diz que não se importa com o que pensam os outros, mas se fosse assim mulheres andariam sem camisa como os homens, homens não mentiriam sobre o tamanho de seus pênis, e pessoas em geral não se esforçariam para sempre ter um emprego que sustentasse seu desejo por coisas novas.
Coisas novas. É onde eu queria chegar. Posso aceitar o uso de roupas como consumo, porque precisamos de roupas para não sentir frio e não ficar doentes, e isso satisfaz algumas das necessidades básicas. Passa a ser consumismo quando se deseja uma calça nova sendo que a velha ainda está em perfeita condição de uso.
Consumismo não é só fazer questão de gastar um absurdo em uma blusa de marca. Talvez possamos falar em níveis de consumismo. O sujeito que necessita de uma roupa cara em nome de status social é um consumista nível alto. Já o sujeito que se contenta em comprar roupas em uma loja de departamento é um consumista nível baixo.
Dificilmente encontraremos alguém que não seja consumista. Ninguém compra uma calça e a usa para sempre, até que esteja tão gasta que qualquer movimento a rasgaria. Temos uma cultura e vários padrões sociais que nos impelem a ser consumistas. Compramos coisas novas porque queremos nos encaixar. Desejar coisas novas é ser consumista.
De modo que eu enxergo que ser consumidor é consumir para satisfazer necessidades básicas. Isso está ligado a questões de sobrevivência. Necessidades fisiológicos e mesmo psicológicas precisam ser satisfeitas para que permaneçamos vivos e sãos. As psicológicas muito estão ligadas a ser aceitos em sociedade e é nesse ponto que ser consumidor tangencia ser consumista.
Ser consumista é consumir para se manter aceito. Não importa em que grupo ou em que sociedade. Não importa o que se consome, uma ideia ou um produto, um estilo de vida ou uma marca. Se alguém consome porque necessita ser incluído em um grupo, ele é um consumista.
Não adianta fugir. Somos consumistas. E consumidores.
Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumista. Controlada ao máximo. Sou mais consumista de ideias e tento não me apegar a marcas. Sou humana e quero ser incluída, muito embora preferisse morar em outra dimensão afastada. Mas ainda não sendo possível, vivo aqui, mediocremente feliz entre regras e padrões que se opõem e esbofeteiam.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lembradora

Talvez algum dia desses alguém se lembre de você. Sabe? Alguém aí do seu passado que condena, mas que te fez um bem danado.
É querer demais querer ser lembrado? De repente receber uma indiretinha tímida e feliz.
O problema da gente é querer uns, mas não querer outros. Porque tem aquele que lembra-mas-lembra-demais. E tem aquele que lembra-mas-lembra-de-menos. O mais interessante é o que mora no mistério de nunca saber.
Vai saber, né? Só quero dizer que eu me lembro de você. Assim, sempre que possível. Então se alguém aí estiver procurando uma mensagenzinha tímida e feliz, aqui está.
Sim, esse alguém é você.

Da sua lembradora

Eu.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O balaústre

O objeto da tua inveja tem teu destino na mão revogado,
impostos pagos, fortuita miséria,
se acha pobre o senhor das ideias.

Não sabe onde as enfia,
por fim desafia a sorte alheia com seu ódio sem motivo maior;
semeia a discórdia,
mas seu próprio ser remói a desgraça crescida,
e pra quê?

Se o olho cresce, a mente decai;
se a raiva abranda, a paz esvazia;
o corpo sente o que pensa a cabeça,
e lhe pesa no peito o que falta na alma.

A despeito de tanto rancor
segue o balaústre lustrado entre os móveis coloniais da rainha,
de vida digna e riso inerte,
ilustra muito e pouco faz,
e pouco significa
aos olhos dos porcos nobres reais.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Homossexualidade*

Primeiramente, eu não estou aqui pra defender lados. O único lado que me interessa é o meu próprio, o único lado que eu defendo é o meu lado. E o meu lado é só meu, não é valor de mais ninguém, não é um lado construído em favor de um grupo.
Homossexualismo.
De repente estão fazendo um alarde por causa de beijo gay na novela. Simpatizei com um tweet do Leoni que repercutiu bastante, e ele dizia o seguinte: "Eu não quero ver um beijo gay na TV. Quero ver centenas até que deixe de ter esse nome e seja só mais um beijo."
Aos meus olhos, dois homens se beijando é um fato completamente corriqueiro. Talvez porque eu tenha muito contato com esse tipo de coisa, talvez porque eu leve na alma a crença em todo tipo de amor. Eu não sei. Enquanto os homens da minha família ficaram chocados e enojados (ou começaram a criticar), enquanto alguns de meus amigos diziam ser falta de respeito uma coisa dessas na TV, enquanto o Facebook bombava com publicações surpresas e exaltadas, eu assisti aquilo com uma naturalidade debochada.
Por que tudo isso? Qual é o problema de dois caras se gostarem, se beijarem, fazerem sexo? Ou mesmo duas mulheres? Eu não enxergo defeito nisso. Não enxergo doença, não enxergo falta de respeito, não enxergo motivo pra exaltação.
É como se a sociedade estivesse sob o efeito de um torpor coletivo que nega o amor homossexual, ou que o compreende de forma limitada.
É como o nazismo. Na época de sua hegemonia, será que alguém se perguntava por que diabos os judeus eram ruins? E hoje sabemos bem o absurdo que foi tudo aquilo, que nunca existiu motivo real pra considerar os judeus como inferiores, ou como uma escória da raça humana. Vemos o que aconteceu como um erro infinito e que jamais poderá ser corrigido. Que torpor foi aquele que atingiu toda uma população fazendo-a acreditar na inferioridade de um ser humano apenas por causa de sua religião?
Que torpor é esse que atinge a nossa população fazendo-a acreditar que um ser humano é diferente apenas por causa da sua orientação sexual?


Orientação sexual. Essa porra de expressão tem mesmo que existir? Pra mim é só mais uma coisa inútil pra nos rotular e nos dividir.

Pode parecer uma comparação estúpida, mas em muito se assemelham essas situações. Em ambas as pessoas se utilizam de um motivo irreal pra diferenciar outras. E a partir dessa diferenciação brota o preconceito, e do preconceito a humilhação, a segregação, a agressão.
O que as faz pensar que duas pessoas do mesmo sexo não podem ficar juntas? A Bíblia? 
Por que Deus do céu e da terra todo misericordioso e Pai de tudo e todos deixaria de amar um filho seu apenas por que ele quer o bem de um ser de seu mesmo sexo?
Por que Deus condenaria o amor dessa forma?
E se uma pessoa que não é gay vê um casal gay na rua ela não tem que se sentir ofendida. O casal não está fazendo mal pra ninguém. O casal não está matando ninguém. Ninguém é obrigado a ser gay, ninguém tem que ser obrigado a ser hétero. As pessoas simplesmente o são, como simplesmente são negras ou brancas, ou como simplesmente são altas ou magras. Ninguém está pedindo pra você dar o cu. Se os homens gays dão o cu o problema é deles.
Da mesma forma que um casal hétero conveniente não faria sexo em praça pública, um casal gay conveniente também não faria. Ninguém tem que ficar preocupado com o que os outros fazem entre quatro paredes. E um beijo é um beijo de qualquer forma. São apenas línguas se tocando. São apenas corpos se tocando. Qual é a diferença?
Pra mim desde que as pessoas não estejam fazendo mal umas para as outras, tudo pode ser feito. O céu é o limite dentro da bondade, da gentileza e do bom senso.
A mesma regra vale para os gays. Não se força amor nem desamor. E da mesma forma que é ridículo um casal hétero expor suas particularidades, também é ridículo um casal gay expor as suas. A intimidade de um casal pertence apenas ao próprio casal.
Homossexualismo não é doença. Ninguém vira gay. As pessoas nascem assim. O que leva tempo é se descobrir como tal, porque a princípio o ideal da nossa sociedade é o heterossexualismo. Talvez porque somente a junção de um gameta feminino com um masculino possa gerar filhos. Não sei bem porque.
Mas é sempre desumano duas pessoas se amarem tanto e não conseguirem ficar juntas por causa de algum tabu ridículo, ou algum pensamento coletivo nonsense. Vocês não sabem como dói uma porra dessas. E não quero ouvir aquele antigo papo de que a sociedade não está preparada, ou de que o conservadorismo é tão difícil de extinguir. As mulheres já estão trabalhando fora de casa. Os homens já estão usando brinco. Tatuagens já não impactam tanto como antes. A sociedade está preparada pra tudo, a qualquer momento. Todos os dias vemos notícias absurdas e lidamos com isso. Ninguém vai morrer se alguma coisa mudar no pensamento geral.
Seus filhos gays ainda são seus filhos. São os mesmos. O mesmo jeito. As mesmas crianças que vocês criaram e educaram. São seus filhos.
Acho que temos muito ainda a aprender sobre ser humanos.
Humanizar-se.
Então vão se foder. Da forma como melhor convém a cada um.