segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O bater de asas da borboleta

A vida é uma rede intrincada de destinos que se batem e se modificam. O bater de asas da borboleta no Japão, o dobrar da nota, o escrever e apagar. O que quer que eu faça, não terei controle sobre minhas ações depois de concluídas ou modificadas, ou mesmo abandonadas. Mesmo se eu desistir, os efeitos virão. É como se houvesse um tipo de energia que liga todos nós. A pergunta é: como controlar uma linha ou várias linhas finas que ligam bilhões e bilhões e bilhões de seres vivos e a Terra? Não se controla. Não se prevê. É uma rede de energia que se altera o tempo todo. Que está aí desde os primórdios, e o que aconteceu lá atrás permanece influenciando nossas vidas agora e será sempre assim. Eventos ancestrais e eventos novos têm o mesmo nível de influência, e você tem que se conformar com o fato de que não pode ter controle sobre isso, e é limitado demais para prever os efeitos. Imagine se você pudesse testar os efeitos de cada escolha como naquele filme Efeito Borboleta. É essa a ideia, só que na vida real você só pode escolher uma vez.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sem o peixe

Sem minhoca
pescador não pesca
Sem a ponta
o anzol não fisga
Sem o peixe
de que serve a vida?
De que serve a vida?
De que serve a vida?

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Eu quero você

Eu quero você
Numa dessas noites quentes
Que se olha o céu e as estrelas estão lá
E aquele vento que refresca
Trazendo felicidade
Mesmo que o dia acabe

Nessas noites na varanda
Na rede, olhando a rua
Conversando qualquer coisa
Satisfeitos com o dia
Descansando
Certos de que outro dia virá

domingo, 3 de agosto de 2014

A expressão do não - ter - o - que - fazer

Sem fundo simbólico, sem conotação, só denotação, é o que é, fiz porque quis, não quero dizer nada com isso, não quero mudar nada com isso, não quero atingir ninguém, não quero inovar, não é pra ter eco, não é pra usar, não serve pra nada.

domingo, 6 de julho de 2014

Silêncio

Nem sempre o silêncio é falta do que dizer
às vezes ele significa dizer demais.

domingo, 1 de junho de 2014

É pensando nela

Às vezes vem uma tristeza do nada por alguma coisa que nem sei o quê. É como chorar por outra vida. É como odiar o mundo e não entender porque estou nele. E aí me dá vontade de juntar uma ou duas coisas e ir embora, também nem sei pra onde, mas dá vontade. Fugir das pessoas, fazer de conta que não existem nossas instituições, nossa moral, nosso bom costume, nossa educação e hipocrisia. Posso me sentir mal-agradecida, porque afinal de contas eu tenho muita sorte. Mas também posso me revoltar porque tenho meu livre arbítrio, e admito: minha vida está boa, mas eu não quero assim. Quero boa, mas boa de outro jeito.
Então eu me vejo vivendo, e feliz, por uma esperança de tolo, ou não. Procurando uma forma de crescer todos os dias, por amor. E penso no passado e tudo o que deu e que fiz de errado, e muitas vezes não acredito que aconteceu. Porque a memória dos homens é fraca, e o passado anuviado fica parecido com um sonho (ou um pesadelo), e se é ruim posso escolher o esquecimento. Facilmente.
Mas agora posso continuar. É outro dia e morreram as dúvidas do meu coração. Eu sei o que ele quer. E, apesar de ainda precisar de um meio de sustentar minha existência, eu já tenho um meio de sustentar minha vontade de acordar todos os dias. É pensando nela.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Orientação

 "Ser gay ou lésbica é muito mais do que transar de vez em quando com o mesmo sexo, implicando tal orientação sexual numa identidade, afirmação, estilo de vida e por que não, um projeto civilizatório alternativo, que podemos chamar de cultura homossexual. Se para alguns bissexuais ou homossexuais egodistônicos a homossexualidade restringe-se a poucos instantes de relações homoeróticas, respeitamos o direito desses indivíduos de viverem no limbo, metá-metá, no pântano da indecisão. Mas para nós, lésbicas e gays assumidos e militantes, ser homossexual é muito mais do que transar de vez em quando com bofes, michês e bofonecas mal resolvidas: somos portadores de uma orientação sexual cuja causa ainda é desconhecida pelas ciências, e que, no fundo, não nos interessa saber se manifestamos essa tendência existencial por influência genética, psicológica ou social, pois estamos contentes como nossa preferência sexual." (Mott, 2000)

domingo, 27 de abril de 2014

Desaperfeiçoar-se

Não me apego à perfeição, até mesmo porque nem se eu tentasse muito eu seria perfeita. Só o fato de ser humana já me torna imperfeita, porque erro muito, o tempo todo. Talvez esse desapego é que me faça gostar tanto de olheiras, de vento, de sardas de sol, fotos espontâneas, moletom surrado, cabelo bagunçado. Dê um close no rosto de alguém e você o conhecerá. Infelizmente, o que vejo é a tendência de querer se esconder, de buscar tanto se adequar a padrões que se perde a essência natural. E sabe, tudo que é artificial me repugna. Essa obsessão pela perfeição pode ser consequência do progresso de que falam os especialistas do mundo, mas nem todo progresso é bom. De tanto nos civilizar nos tornamos desumanizados, e quase ninguém enxerga isso. É que a imperfeição é que nos faz humanos. Ou a perfeição seja justamente esse eterno errar-acertar.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cultura da opressão

Cultura da opressão
salvem os artistas
a contra-hegemonia é uma forma de rebelião

A que protege
e a que condena
é a mesma instituição

A mesma que você cresceu ouvindo
dizer o que é certo e o que é errado

Disfunção narcotizante
alienação
quem é culpado?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Conceitos

"Segundo Kates (1998), os conceitos que descrevem a condição humana (tais como amor, ódio, opressão, poder, dinheiro, liberação e luta) são intangíveis e não podem ser representados visualmente por si sós. Assim, eles precisam ser simbolizados por objetos (produtos ou possessões) ou representados dentro do contexto de certas atividades (rituais, por exemplo) nos quais as pessoas lhes outorgam significados."

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Não recupere seu instinto selvagem

O mundo te ensina a ser egoísta. E as instituições sociais se não ensinam, estimulam. Competição é a palavra do mercado de trabalho. Competição é a palavra biológica. Os mais fortes sobrevivem. Quem tem informação tem tudo. De revolução industrial a revolução da informação. Quem não vende, compra. Se você não é como nós, é contra nós - hegemonia, dominação mental. A mídia sustenta o que você não precisa, e o que você precisa você nem sabe mais. Amor é coleção, é produção em massa. Qual marca de amor você veste? Você não tem medo não? Se sair na rua pode morrer. São riscos. Compre um seguro. Se o seguro te segurasse de morrer. Se morrer também, tem o paraíso prometido. Mas nós o perdemos. Seu pecado original foi nascer humano. E ainda assim continuamos vendo arco-íris no céu. Não recupere seu instinto selvagem, se usando o racional já está uma merda.

domingo, 6 de abril de 2014

Todo dia


Todo dia é me perguntar por que estou aqui, e por que estou acordando hoje e por que tenho que ir dormir. E perguntar sempre por que nasci assim meio torta e meio louca. Meio assim sem meio, sem começo, mas com um fim imenso e sem prévia. Meio histérica, meio carente, meio fanática, meio suicida. Todo dia é me perguntar por que sou tão meio e se ser inteiro é mesmo assim tão interessante.

domingo, 30 de março de 2014

Vejo uma ideia

Vejo uma ideia surgindo. Eu vejo sua expansão e vejo sua decadência. E de repente até parece que nunca existiu, porque o tempo é como um véu que borra e esconde tudo. O tempo é o que enfia as coisas nos cantos obscuros da mente.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Pra não escapar do pensamento

Nem esquento a cabeça com isso. Já sei que a vida se encarrega de desvendar as verdades. 
É a vida que nos desvenda, não somos nós que a desvendamos.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Verdades


E hoje dizem que homossexualidade é doença.
Quantos tempo regredimos?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ser humano

raça ruim
praga racional
prepotente
arrogante
presunçosa
defeituosa.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O que é ser consumidor?

Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumidora.
Você, anônimo, perdido aqui por estas bandas mal iluminadas, aspirante a uma carreira qualquer de sucesso (ou não), é um consumidor.
Somos consumidores desde que nascemos. Somos consumidores desde que o homem é homem, o mundo é mundo, e existiu ar, terra e água.
Consumimos oxigênio, consumimos carne, cereais e vegetais. Consumimos a água que nos banha e que nos sacia. Consumimos nossas vidas. Até a última gota de energia. 
Somos consumidores até o ponto em que buscamos nos manter vivos e resolver aquelas necessidades básicas que estão, obviamente, na base da pirâmide de Maslow: respirar, comer, dormir, fazer sexo (aqui com o objetivo de ter filhos). Enfim, sobreviver.
Mas sobreviver dificilmente significa o mesmo que viver. Viver muito se refere a ser feliz. E nós, humanos, espécie cretina, dependemos da aceitação de nossos semelhantes para sermos felizes.
Sob essa pena, nascemos programados a agir conforme as regras da sociedade. Porque só somos aceitos quando agimos assim. E só somos plenamente felizes quando somos aceitos. É um ciclo vicioso do qual poucos sortudos escapam. Muita gente diz que não se importa com o que pensam os outros, mas se fosse assim mulheres andariam sem camisa como os homens, homens não mentiriam sobre o tamanho de seus pênis, e pessoas em geral não se esforçariam para sempre ter um emprego que sustentasse seu desejo por coisas novas.
Coisas novas. É onde eu queria chegar. Posso aceitar o uso de roupas como consumo, porque precisamos de roupas para não sentir frio e não ficar doentes, e isso satisfaz algumas das necessidades básicas. Passa a ser consumismo quando se deseja uma calça nova sendo que a velha ainda está em perfeita condição de uso.
Consumismo não é só fazer questão de gastar um absurdo em uma blusa de marca. Talvez possamos falar em níveis de consumismo. O sujeito que necessita de uma roupa cara em nome de status social é um consumista nível alto. Já o sujeito que se contenta em comprar roupas em uma loja de departamento é um consumista nível baixo.
Dificilmente encontraremos alguém que não seja consumista. Ninguém compra uma calça e a usa para sempre, até que esteja tão gasta que qualquer movimento a rasgaria. Temos uma cultura e vários padrões sociais que nos impelem a ser consumistas. Compramos coisas novas porque queremos nos encaixar. Desejar coisas novas é ser consumista.
De modo que eu enxergo que ser consumidor é consumir para satisfazer necessidades básicas. Isso está ligado a questões de sobrevivência. Necessidades fisiológicos e mesmo psicológicas precisam ser satisfeitas para que permaneçamos vivos e sãos. As psicológicas muito estão ligadas a ser aceitos em sociedade e é nesse ponto que ser consumidor tangencia ser consumista.
Ser consumista é consumir para se manter aceito. Não importa em que grupo ou em que sociedade. Não importa o que se consome, uma ideia ou um produto, um estilo de vida ou uma marca. Se alguém consome porque necessita ser incluído em um grupo, ele é um consumista.
Não adianta fugir. Somos consumistas. E consumidores.
Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumista. Controlada ao máximo. Sou mais consumista de ideias e tento não me apegar a marcas. Sou humana e quero ser incluída, muito embora preferisse morar em outra dimensão afastada. Mas ainda não sendo possível, vivo aqui, mediocremente feliz entre regras e padrões que se opõem e esbofeteiam.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lembradora

Talvez algum dia desses alguém se lembre de você. Sabe? Alguém aí do seu passado que condena, mas que te fez um bem danado.
É querer demais querer ser lembrado? De repente receber uma indiretinha tímida e feliz.
O problema da gente é querer uns, mas não querer outros. Porque tem aquele que lembra-mas-lembra-demais. E tem aquele que lembra-mas-lembra-de-menos. O mais interessante é o que mora no mistério de nunca saber.
Vai saber, né? Só quero dizer que eu me lembro de você. Assim, sempre que possível. Então se alguém aí estiver procurando uma mensagenzinha tímida e feliz, aqui está.
Sim, esse alguém é você.

Da sua lembradora

Eu.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O balaústre

O objeto da tua inveja tem teu destino na mão revogado,
impostos pagos, fortuita miséria,
se acha pobre o senhor das ideias.

Não sabe onde as enfia,
por fim desafia a sorte alheia com seu ódio sem motivo maior;
semeia a discórdia,
mas seu próprio ser remói a desgraça crescida,
e pra quê?

Se o olho cresce, a mente decai;
se a raiva abranda, a paz esvazia;
o corpo sente o que pensa a cabeça,
e lhe pesa no peito o que falta na alma.

A despeito de tanto rancor
segue o balaústre lustrado entre os móveis coloniais da rainha,
de vida digna e riso inerte,
ilustra muito e pouco faz,
e pouco significa
aos olhos dos porcos nobres reais.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Homossexualidade*

Primeiramente, eu não estou aqui pra defender lados. O único lado que me interessa é o meu próprio, o único lado que eu defendo é o meu lado. E o meu lado é só meu, não é valor de mais ninguém, não é um lado construído em favor de um grupo.
Homossexualismo.
De repente estão fazendo um alarde por causa de beijo gay na novela. Simpatizei com um tweet do Leoni que repercutiu bastante, e ele dizia o seguinte: "Eu não quero ver um beijo gay na TV. Quero ver centenas até que deixe de ter esse nome e seja só mais um beijo."
Aos meus olhos, dois homens se beijando é um fato completamente corriqueiro. Talvez porque eu tenha muito contato com esse tipo de coisa, talvez porque eu leve na alma a crença em todo tipo de amor. Eu não sei. Enquanto os homens da minha família ficaram chocados e enojados (ou começaram a criticar), enquanto alguns de meus amigos diziam ser falta de respeito uma coisa dessas na TV, enquanto o Facebook bombava com publicações surpresas e exaltadas, eu assisti aquilo com uma naturalidade debochada.
Por que tudo isso? Qual é o problema de dois caras se gostarem, se beijarem, fazerem sexo? Ou mesmo duas mulheres? Eu não enxergo defeito nisso. Não enxergo doença, não enxergo falta de respeito, não enxergo motivo pra exaltação.
É como se a sociedade estivesse sob o efeito de um torpor coletivo que nega o amor homossexual, ou que o compreende de forma limitada.
É como o nazismo. Na época de sua hegemonia, será que alguém se perguntava por que diabos os judeus eram ruins? E hoje sabemos bem o absurdo que foi tudo aquilo, que nunca existiu motivo real pra considerar os judeus como inferiores, ou como uma escória da raça humana. Vemos o que aconteceu como um erro infinito e que jamais poderá ser corrigido. Que torpor foi aquele que atingiu toda uma população fazendo-a acreditar na inferioridade de um ser humano apenas por causa de sua religião?
Que torpor é esse que atinge a nossa população fazendo-a acreditar que um ser humano é diferente apenas por causa da sua orientação sexual?


Orientação sexual. Essa porra de expressão tem mesmo que existir? Pra mim é só mais uma coisa inútil pra nos rotular e nos dividir.

Pode parecer uma comparação estúpida, mas em muito se assemelham essas situações. Em ambas as pessoas se utilizam de um motivo irreal pra diferenciar outras. E a partir dessa diferenciação brota o preconceito, e do preconceito a humilhação, a segregação, a agressão.
O que as faz pensar que duas pessoas do mesmo sexo não podem ficar juntas? A Bíblia? 
Por que Deus do céu e da terra todo misericordioso e Pai de tudo e todos deixaria de amar um filho seu apenas por que ele quer o bem de um ser de seu mesmo sexo?
Por que Deus condenaria o amor dessa forma?
E se uma pessoa que não é gay vê um casal gay na rua ela não tem que se sentir ofendida. O casal não está fazendo mal pra ninguém. O casal não está matando ninguém. Ninguém é obrigado a ser gay, ninguém tem que ser obrigado a ser hétero. As pessoas simplesmente o são, como simplesmente são negras ou brancas, ou como simplesmente são altas ou magras. Ninguém está pedindo pra você dar o cu. Se os homens gays dão o cu o problema é deles.
Da mesma forma que um casal hétero conveniente não faria sexo em praça pública, um casal gay conveniente também não faria. Ninguém tem que ficar preocupado com o que os outros fazem entre quatro paredes. E um beijo é um beijo de qualquer forma. São apenas línguas se tocando. São apenas corpos se tocando. Qual é a diferença?
Pra mim desde que as pessoas não estejam fazendo mal umas para as outras, tudo pode ser feito. O céu é o limite dentro da bondade, da gentileza e do bom senso.
A mesma regra vale para os gays. Não se força amor nem desamor. E da mesma forma que é ridículo um casal hétero expor suas particularidades, também é ridículo um casal gay expor as suas. A intimidade de um casal pertence apenas ao próprio casal.
Homossexualismo não é doença. Ninguém vira gay. As pessoas nascem assim. O que leva tempo é se descobrir como tal, porque a princípio o ideal da nossa sociedade é o heterossexualismo. Talvez porque somente a junção de um gameta feminino com um masculino possa gerar filhos. Não sei bem porque.
Mas é sempre desumano duas pessoas se amarem tanto e não conseguirem ficar juntas por causa de algum tabu ridículo, ou algum pensamento coletivo nonsense. Vocês não sabem como dói uma porra dessas. E não quero ouvir aquele antigo papo de que a sociedade não está preparada, ou de que o conservadorismo é tão difícil de extinguir. As mulheres já estão trabalhando fora de casa. Os homens já estão usando brinco. Tatuagens já não impactam tanto como antes. A sociedade está preparada pra tudo, a qualquer momento. Todos os dias vemos notícias absurdas e lidamos com isso. Ninguém vai morrer se alguma coisa mudar no pensamento geral.
Seus filhos gays ainda são seus filhos. São os mesmos. O mesmo jeito. As mesmas crianças que vocês criaram e educaram. São seus filhos.
Acho que temos muito ainda a aprender sobre ser humanos.
Humanizar-se.
Então vão se foder. Da forma como melhor convém a cada um.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sobre filmes

Eu adoro esses filmes franceses. São tão mais humanos.
Ultimamente, com essa onda de filmes de super heróis, notei que o cinema americano têm se prendido muito a efeitos especiais. Odeio esses filmes. Odeio esses filmes de 1 hora e meia. Odeio esses filmes com hora pra acabar, com roteiro limitado, cortado, com cenas curtas. Odeio essa perfeição dos personagens, a perfeição dos casais, a perfeição das cenas, os diálogos previsíveis, as frases de efeito ridículas. É tudo tão limpo que te afasta. 
Eu gosto de filmes que não têm pressa de acabar. Que se prolongam por duas, três, cinco horas. Que dão close no rosto dos personagens, na boca mastigando, nas mãos se tocando, nos olhos, nas lágrimas. Esses filmes sem preocupação com a perfeição, nos quais que as pessoas têm rugas, cabelo sujo e bagunçado, roupas gastas, dentes amarelos. Eu vejo beleza em um amor difícil, que não necessita de chuva nem aeroporto, mas que sobretudo existe em qualquer lugar. Eu adoro os diálogos demorados, com interrupção, bagunça, desentendimento. É tão mais próximo de quem assiste que você passa a se sentir mais humano. O filme entra em você, e você reflete sobre ele, e como aquilo te deixou frustrado, por que não terminaram juntos? Por que as pessoas são tão cretinas? E você sabe que é assim, que é verdade, que pode acontecer com qualquer um.
Eu acho que todos os filmes deveriam ser assim. Sem preocupação com a comercialidade da coisa. Eu detesto aquela sensação de assistir um filme e sentir que está incompleto, que deixou a desejar. Prefiro um filme que demore, que tome meu tempo, mas que explore tudo que seu tema pode oferecer e que me dê no que pensar ou no que sentir.
Assisti "Azul é a cor mais quente", que realmente fez do azul uma cor mais quente, mas que explorou absurdamente um lado emocional. A personagem mal fala do que sente, mas você entende o que ela está sentindo. Ela chora, e você não sabe bem porque, mas você a compreende. O filme tem quase 3 horas, e mesmo assim eu poderia ficar assistindo o dia todo, porque é uma história que prende, e que não hesita em mostrar detalhes, em se demorar nos diálogos, e filmar os defeitos das pessoas.
Olha, sensacional. Eu queria poder falar mais sobre ele, mas assisti só uma vez e isso me limita, infelizmente. Vou levar o que pensar depois disso. O amor e a vida são complicados.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A rainha

Prazer, sou a rainha
em época de nobreza decadente,
burguesia ociosa
e plebe alienada.

Prazer, sou a rainha
de terras devastadas,
campos em chamas,
cavalos em fuga.

Sou a rainha decadente
de mandos atrasados,
de displicência cega,
mas de fúria aterradora.

Sem moral,
sem partido,
sem Deus,
sou a rainha porque eu quis
e a mim Ele não concedeu poderes.

Sou a rainha com a cabeça raspada
de coroa,
de poder.

Então decai a nobreza,
vagueia a burguesia
e adormece a plebe.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Do que você tem medo?

Ou estou apenas lutando por uma coisa que realmente quero?
A pergunta não é o que tenho a perder, nem a resposta é o que tenho a ganhar. O universo quis, eu quero, é só isso, não é uma questão de consequências. Não sei bem o que está acontecendo.
Mas eu só quero que dê certo.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O fio de um balão

Acho que o segredo é ninar as aflições. Dê respostas aos outros e talvez encontre a sua. Talvez. A vida não é só ter respostas. A maior parte do universo sobrevive de um mistério incalculável. De vez em quando eu visito lá.
Escrever é um caminho que te faz sentir mais real. O fio de um balão. Daí o mistério não nubla sua existência.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

E tudo que consigo dizer é que meu sorriso precisa do seu

Eu simplesmente (ou complexamente) penso em você o dia inteiro. Você tira meu sono. Você entra no meu sono. Você é meu sonho. Nem acredito ainda que você é minha realidade. Eu sorrio a toa, canto a toa, faço tudo com uma leveza que não é minha de praxe. Foi você quem trouxe pra mim essa felicidade. E a agonia que é ficar longe de você me assusta. Dói mesmo, dói demais, é como ter o coração pesando o dobro de mim. Eu quis tudo isso. Os beijos, as brigas, os abraços, os problemas. Eu já sabia de tudo isso. Mas eu vejo sempre o amor abraçando tudo e eu queria que você entendesse isso também. E que tudo certo em brigar, que essas coisas não têm o poder de ralear um sentimento maior. Eu queria que você soubesse o encanto que você tem pra mim. Eu queria que você entendesse o que pode me fazer sentir. Eu queria que você pudesse olhar dentro de mim. Porque aí você entenderia o que quero dizer quando digo que tenho vontade de te abraçar inteira. É porque quero mesmo te abraçar inteira. Queria sentir cada molécula do seu corpo. Parece louco, mas é isso. É o seu efeito em mim. Eu acumulo planos e te dou o que acho de melhor nessa confusão de erros que eu sou, e só porque eu quero estar em alguma parte do seu coração. Um dia eu quero ter toda a sua atenção. Um dia eu vou conseguir ir com você até a dimensão lunar onde você vai naqueles seus momentos de distração eterna. E vou saber decifrar cada um dos seus pensamentos. Um dia eu vou com você pro País das Maravilhas. E vou amar ainda mais aquele seu olhar de quem espera uma resposta minha. E seus olhos que mudam de cor, e suas ruguinhas de sorriso. E quando você me chama pelo nome, e quando você me chama de amor. Todo momento brilha quando você me chama assim. Sempre. É um momento de infinito, desses infinitos que são maiores que todos os outros.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Odeio esquecer as palavras

De repente eu tenho um monte de folhas espalhadas pelo quarto, dentro das gavetas, em cima dos livros, mas nenhuma delas jamais foi lida por ninguém além de mim. De repente eu arrumei “inimigos”, o mundo se tornou um inimigo e eu não posso mais revelar o que sou com tanta naturalidade. Porque de alguma forma é preciso se fazer perceber como uma fortaleza inabalável. É preciso intimidar e é preciso parecer estável, porque se não o fizer o mundo te derruba. É um pensamento cretino, mas é um pensamento cretino que todos têm. É o instinto da sobrevivência.
Mas quer saber? Ninguém é tão invencível quanta aparenta ser. A insegurança é o mal do século. Estamos todos perdidos por aí, uns procurando se encontrar nos outros, mas ninguém se dá ao trabalho de realmente olhar pra fora. Ficamos enfurnados dentro de nós mesmos retocando os detalhes para a perfeição. Os outros estão aí só para lustrar nosso ego inseguro e instável.