Todos têm alguém agora, um motivo, uma certeza. Todos mesmo. Tudo mudou. Tudo muda. Menos eu, ali parada sem tomar decisão nenhuma, sem saber qual caminho seguir. Eu aqui sem saber o que sinto, o que quero, o que faço. E o tempo passa independente. Falei com muita gente, e muita gente disse: não se preocupe, você vai achar alguém!
Você vai se encontrar!
Você vai esquecer!
Mas e se eu dissesse que não quero achar ninguém, que não quero me encontrar, que não quero esquecer?
Se eu me encontrar pra onde vai a eterna instabilidade da juventude? Eu não quero me tornar a pessoa séria infurnada no escritório, não quero essa vida fria que só pede dinheiro. Não quero ser estável, não quero ser previsível. Eu prefiro ser essa metamorfose, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. É isso.
Não estou pronta nem feliz o suficiente pra achar alguém. Não consigo esquecer.
Que venha o tempo e o que for, quem é que vai vir me dar um soco na cara? Quem é que vai vir me acordar?
Eu acho que estou dormindo a todo instante. Tem uma névoa ao meu redor, não consigo ver tudo, não consigo acreditar em nada.
E aí, quem vai ser humano o bastante pra vir me julgar agora? Vai me dizer o que fazer? Vai me ensinar o que pensar? Vai me mostrar o que sentir?
Aqui dentro é comigo. Ninguém vai mudar. Você pode quebrar a pedra que nasceu no buraco do meu coração duvidoso?
Pode quebrar a pedra de novo e de novo e de novo até tomar uma decisão que seja pra sempre?
Queria eu que as coisas fossem pra sempre, queria eu que minhas coisas tivessem o seu cheiro.
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