terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Agonia

Minha criação me ensinou a ter medo de tudo e a achar que tudo pode dar errado. Às vezes me sinto tão pressionada que acho que não posso errar nunca. Às vezes sinto que o mínimo erro me torna a pior pessoa do mundo. Sinto que chegar um pouco bêbada em casa me custaria 20 anos de liberdade. Sinto que ter ciúme demais ou querer que alguém suma da minha vida é crueldade da minha parte, quando na verdade todo mundo sente isso. Parece que ser meio louca e desconfiada me mandará para o inferno. Mas o que se pode esperar de alguém firmemente encoleirada? Eu vou até onde a medida da coleira me permite. E quando o nó na minha garganta aperta demais, eu volto, eu lato um pouco, mas não adianta rosnar, cão que ladra não morde. Basta uns chutes na traseira e eu volto com o rabo entre as pernas. Mosca morta. Anêmica. Entediante. Merda de vida. 
É como manchas de cloro na roupa. Uma gota e está manchada pra sempre. Um erro estúpido e sou mentirosa pra sempre, e sou irresponsável pra sempre, e estou errada pra sempre. Não sei se é esse o motivo de eu ser tão presa ao passado e me arrepender tanto das escolhas que fiz. Sou idiota hoje, mas já fui pior um dia. E por não ser mais tão idiota me julgam por ser fria, por ser seca. Já tomei no cu 1 milhão de vezes, chega uma hora que a gente cansa né.
Mas parece que não importa o que eu faça, nada muda, continuo presa na minha caixa de fósforo, não saio do lugar. Quando e onde se acha a experiência e a esperteza de que tanto falam? Meu tamanho físico não é do mesmo tamanho da minha força de vontade. Se eu quero pilotar uma moto, eu vou pilotar uma porra de uma moto e foda-se o que vocês dizem sobre o meu tamanho e a finura das minhas pernas. Eu quase desisti, mas é uma coisa de que gosto, porque é a maior sensação de liberdade do mundo andar de moto.
E liberdade eu não tenho muito. Minha liberdade vai até onde alcança minha coleira emocional. Me chamam fria e seca, mas acha que eu teria coragem de transtornar um coração que ama incondicionalmente? Sabem de onde vem um amor incondicional, certo? E sabem que um amor incondicional às vezes beira à super-proteção? E a super-proteção brota na mesma terra onde brota o medo de tudo.
E esse tipo de coisa realmente cria uma pessoa besta e despreparada, e a mosca morta, e inexperiente, como eu. A culpa é minha? Devo pagar eternamente por isso? Agradeço toda preocupação, mas isso me sufoca muito, e me deixa insegura e hesitante diante da vida, porque o modo como falam dela faz parecer que é tudo difícil e ruim e amargo e perigoso e horrendo.
Você prende um rouxinol na gaiola e logo ele para de cantar. Isso não é pra deixar pra lá. Eu nunca deixei isso pra lá. Isso está dentro de mim o tempo todo me sufocando e me reprimindo e comprimindo lá dentro, lá no fundo, lá no canto, lá no escuro, martelando na minha cabeça e me comprimindo mais e mais, e as paredes se fechando, e as portas todas trancadas, e tudo está trancado. Quando isso vai parar?

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