segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O que é ser consumidor?

Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumidora.
Você, anônimo, perdido aqui por estas bandas mal iluminadas, aspirante a uma carreira qualquer de sucesso (ou não), é um consumidor.
Somos consumidores desde que nascemos. Somos consumidores desde que o homem é homem, o mundo é mundo, e existiu ar, terra e água.
Consumimos oxigênio, consumimos carne, cereais e vegetais. Consumimos a água que nos banha e que nos sacia. Consumimos nossas vidas. Até a última gota de energia. 
Somos consumidores até o ponto em que buscamos nos manter vivos e resolver aquelas necessidades básicas que estão, obviamente, na base da pirâmide de Maslow: respirar, comer, dormir, fazer sexo (aqui com o objetivo de ter filhos). Enfim, sobreviver.
Mas sobreviver dificilmente significa o mesmo que viver. Viver muito se refere a ser feliz. E nós, humanos, espécie cretina, dependemos da aceitação de nossos semelhantes para sermos felizes.
Sob essa pena, nascemos programados a agir conforme as regras da sociedade. Porque só somos aceitos quando agimos assim. E só somos plenamente felizes quando somos aceitos. É um ciclo vicioso do qual poucos sortudos escapam. Muita gente diz que não se importa com o que pensam os outros, mas se fosse assim mulheres andariam sem camisa como os homens, homens não mentiriam sobre o tamanho de seus pênis, e pessoas em geral não se esforçariam para sempre ter um emprego que sustentasse seu desejo por coisas novas.
Coisas novas. É onde eu queria chegar. Posso aceitar o uso de roupas como consumo, porque precisamos de roupas para não sentir frio e não ficar doentes, e isso satisfaz algumas das necessidades básicas. Passa a ser consumismo quando se deseja uma calça nova sendo que a velha ainda está em perfeita condição de uso.
Consumismo não é só fazer questão de gastar um absurdo em uma blusa de marca. Talvez possamos falar em níveis de consumismo. O sujeito que necessita de uma roupa cara em nome de status social é um consumista nível alto. Já o sujeito que se contenta em comprar roupas em uma loja de departamento é um consumista nível baixo.
Dificilmente encontraremos alguém que não seja consumista. Ninguém compra uma calça e a usa para sempre, até que esteja tão gasta que qualquer movimento a rasgaria. Temos uma cultura e vários padrões sociais que nos impelem a ser consumistas. Compramos coisas novas porque queremos nos encaixar. Desejar coisas novas é ser consumista.
De modo que eu enxergo que ser consumidor é consumir para satisfazer necessidades básicas. Isso está ligado a questões de sobrevivência. Necessidades fisiológicos e mesmo psicológicas precisam ser satisfeitas para que permaneçamos vivos e sãos. As psicológicas muito estão ligadas a ser aceitos em sociedade e é nesse ponto que ser consumidor tangencia ser consumista.
Ser consumista é consumir para se manter aceito. Não importa em que grupo ou em que sociedade. Não importa o que se consome, uma ideia ou um produto, um estilo de vida ou uma marca. Se alguém consome porque necessita ser incluído em um grupo, ele é um consumista.
Não adianta fugir. Somos consumistas. E consumidores.
Eu, Carolina, 20 anos, terceiro semestre em Publicidade e Propaganda, apenas começando (ou destruindo) a vida, sou uma consumista. Controlada ao máximo. Sou mais consumista de ideias e tento não me apegar a marcas. Sou humana e quero ser incluída, muito embora preferisse morar em outra dimensão afastada. Mas ainda não sendo possível, vivo aqui, mediocremente feliz entre regras e padrões que se opõem e esbofeteiam.

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