Canto qualquer coisa só pra acalmar o vento, porque esse vento eu conheço bem, ele traz lembranças e me sopra o que pensar. Como se houvesse maneira de engana-lo. Eu me engano, isso sim. Eu me engano com felicidade instantânea, como miojo, que se faz em 5 minutos e se come em 10. Só pra disfarçar uma tristezinha, lá no fundo, bem no fundo, uma lembrança que não se quer resgatar, um sentimento que não se quer reviver. Mas também se engana quem acha que engana o coração. Você tapa as emoções com mil barreiras de cimento e concreto, e você diz a si mesmo pra não sentir mais. Pra que cavar tão fundo pra encontrar nada mais que desilusão? Não quero estar lá de novo.
Mas imagine se a tristeza é só uma fase para encontrar a real felicidade? Cada muro de concreto que você construiu ao redor do seu coração é um impedimento para ser feliz, e quando você derrubar todos, sim, você vai se lembrar de toda aquela angústia, mas depois... Será depois sereno?
Porque ser feliz deve ser serenidade. Estar em par com Deus, estar em paz consigo mesmo e com o mundo. Felicidade deve ser uma epifania eterna. Sossego interno, tranquilidade diante de qualquer situação. Alguma vez fui feliz, pois me lembro de algumas tardes, bem lá atrás, bem lá quando eu não tinha nenhuma preocupação.
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